segunda-feira, julho 16, 2012

Entusiasmo

“Um jovem pergunta a um casal de idosos:
- Como vocês conseguem manter um casamento que já dura 65 anos?
E o casal responde:
- Nós nascemos em uma época em que, quando algo quebrava, éramos ensinados a consertar e não a jogar fora”.

Ao me deparar casualmente com isso, não tive outra reação diferente do que pensar que é isso que falta. E essa falta realmente me assusta.

Acho que já se trata de uma percepção geral de que tudo está mudando, por mais que seja uma mudança completamente infeliz. Infeliz, considero eu, para quem já acreditou em coisas boas e sinceras. Na verdade, aqueles que desenvolveram a sua personalidade e caráter acreditando em “bons sentimentos” são os que, fatalmente, se sentem mais desenganados. Isso é uma coisa óbvia, infalível, irremediável e redundante. E preocupante.

Quem nunca se importou em ter vínculos com alguém provavelmente abre a boca para dizer que sempre foi assim e que consegue controlar isso, ou seja, que pretende ter responsabilidade afetiva quando bem entender. Sabe aquele papinho de razão ser mais importante que emoção? Posso discordar totalmente?

A procura é grande. As consequências são maiores. Uma grande parte das pessoas insatisfeitas está sempre se queixando. Isso é mais uma redundância, fato. Mas as queixas realmente me assustam. Lembro que já escrevi sobre a reclamação dos defeitos alheios e cheguei à conclusão de que se não for esse o motivo, vai ser sempre aquele outro. Sempre. E quando surge outra pessoa, vai ser sempre isso ou aquilo, que vai começar a incomodar novamente. E, quase sempre, a nova reclamação é pior do que tudo que já se reclamou de alguém, pois a paciência com o próximo a cada dia que passa vai diminuindo. A gente não aceita quem nos procura e procuramos quem não nos aceita. Até quando?

E quando começam as comparações? Parece que o mundo todo vive em uma expectativa de reunir diversas qualidades em uma pessoa só. Claro, é o que todo mundo procura. Mas o que faz bem de verdade? Viver nessa busca infinita pela perfeição termina em que, realmente? Nesse troca-troca desesperado que o resultado é quase sempre o mesmo: novas qualidades acompanhadas de defeitos que vão ser sempre motivos maiores suficientes para recomeçar essa procura por algo novo, de novo. Redundante. E por fim, frustrante.

Pra fugir da frustração, escolho o entusiasmo. Aquele entusiasmo de ser feliz intensamente com a escolha. Na verdade, não importa a escolha. O que importa é ser feliz com ela. Ser feliz para ela. Direcionar, canalizar, se doar, cuidar daquilo que tá ali pra você. Se completar, se combinar amavelmente com o outro e se satisfazer. Tudo aquilo que você escolhe, diz claramente o que você procura e, principalmente, quem você é. Os “bons sentimentos” só conseguem ser resgatados por aqueles que escolhem reconquistar várias vezes a mesma pessoa. Não tenho dúvidas de que isso é intensamente mais bonito, sublime e grandioso do que conquistar diversas pessoas, despropositadamente.

Um comentário:

Juliana Rabêlo disse...

Adorei o que você escreveu...porque já tive essa fase da "busca incessante"...até conhecer alguém que me fez enxergar isso dentro de mim, e me fez querer trabalhar isso. Hoje estamos casados há quase 3 anos..e sinceramente é muito bom para nosso crescimento pessoal e moral esse trabalho diário de aprender a aceitar o próximo do jeito que ele é, e respeitar e ser respeitado os nossos limites. E o mais legal é sentir que apesar de tudo a pessoa lhe ama exatamente do jeito que você é, sem tirar e nem por...porque são essas diferenças que temperam a relação...qual a graça de ser tudo perfeito??? Tem que ter uma "arenguinha" para perturbar o outro, e depois fazer as pazes.

Enfim, parabéns!!! Poucas as pessoas que conseguem captar isso!!!