domingo, maio 04, 2014

Ah, a efemeridade das coisas. Algumas vezes encanta, outras vezes devasta. Da mesma forma que pode destruir algo que poderia ser bom, fatalmente pode construir aquilo que era pra ser. O inevitável sempre vence, em qualquer uma das escolhas. Aliás, não se trata de escolhas. Com certeza, definir tudo isso como uma simples "decisão a ser tomada" seria algo aquém do esperado.

Eu busco considerar todo esse devaneio como algo mais subjetivo, algo mais sublime, algo mais impreterível. Irremediável. De fato, não há remédio para o essencial. Desconstruir-se é para os fracos.

Assumo, sem medo de errar, que eu sempre tive uma admiração pelo efêmero que mistura-se com o intenso. Aquela escolha (in)consciente que você segue, sem medo, e dedica-se, veementemente, até onde valer a pena. Acho que a intensidade de forma responsável é sempre algo mais nobre e grandioso. Afinal, coisas mornas serão sempre coisas mornas. E o comum apaga-se, acostuma-se. E nada mais terrível do que viver sempre no habitual.

Na mesma linha de raciocínio, considerando o oposto, se tem algo que me incomoda é o efêmero irresponsável. Aquele que espalha-se em pedaços banais e levianos. Aquele que quer abraçar o mundo, de forma psicótica. Aquele que quer tudo e sai por ai fazendo vítimas de seu próprio caráter autossuficiente. Aquele que se prende a uma falsa liberdade que considera apenas quantidade, esquecendo o valor daquilo que é fundamental. Pisemos no freio, porque nem tudo que se espalha consegue se juntar.

2 comentários:

Rafael Caus disse...

Desde que eu consegui compreender melhor o significado de "efêmero" eu tenho um certo problema em concordar que o antônimo é que signifique "duradouro" ou mesmo "perene". As efemeridades são também duradouras. Há algumas na minha vida que me acompanham e espero que continuem a me acompanhar. Mas as boas, as construtivas, as intensas, as que me trouxeram até aqui. "Desconstruir-se é para os fracos." Boa.

Anônimo disse...
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